
adoro o vento.
desde que me lembro que o adoro.
desde criança que adoro andar contra o vento, mais ainda do que a favor dele. quando andamos a favor do vento ele empurra-nos e nós tropeçamos e caímos. se nos colocarmos contra o vento, se o enfrentarmos de cabeça erguida e peito firme, ele respeita-nos muito mais. quando estamos contra o vento, estamos a baixar as nossas defesas de nós próprios e deixamos que o vento nos conte as estórias que tem para contar. estórias de outras gentes, de pessoas que andaram a favor do vento e de pessoas que, como eu, preferiram enfrentá-lo. vidas mais ou menos preenchidas, vidas que o vento nos conta quando sabemos ouvi-lo. porque quanto mais atentos e receptivos estivermos, mais o vento nos conta.
e fala-nos ao ouvido dos locais que visitou imediatamente antes de ter chegado a nós. deste movimento constante de enfrentar as coisas com cara de vento. e conta-nos as aventuras e desventuras de quem, como nós, decidiu enfrentá-lo. de quem, como nós, decidiu levá-lo um pouco mais a sério.
porque a vida começa com uma aragem e com uma outra aragem termina.
porque tudo tem a duração de um golpe de vento...
2 comentários:
miu
há quanto tempo, Hugo...! :)
que os teus passos no mundo sejam sempre um mergulho nesse vento que, do avesso, nos leva ao encontro de nós mesmos.
um xi-coração,
Inês Leal
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