
há locais e pessoas e coisas que, quanto mais nos habituamos a eles, mais gostamos. é um crescendo infinito, um aumento progressivo e eterno. aos nossos olhos, já supostamente habituados a estas coisas e gentes e espaços, tudo se transfigura. tudo ganha um brilho especial, uma luz mais terna, um calor único, um conforto especial. mesmo sem nos apercebermos, vemos tudo com outros olhos. reparamos em coisas que nunca tínhamos reparado. olhamos para as pessoas e coisas e locais como se fosse a primeira vez que os víssemos. uma primeira vez completamente diferente da primeira primeira vez. vemos tudo com uma atitude de quem vê por dentro. de quem já conhece o que está a ver de cor, mas que, de cada vez que olha, vê algo diferente, algo irrepetível.
como este cenário.
por mais familiar que me seja, é-me sempre tão especial que há sempre um deslumbramento digno de uma primeira vez, um encantamento iniciático, um enamoramento ininterrupto pelo que os olhos absorvem como se da primeira vez se tratasse.
de cada vez que aqui entro, com o propósito claro de matar vários tipos de sede, tenho uma sensação de calor, de bem-estar, de pertencer aqui.
tudo tem um brilho especial, uma forma de me fazer sentir parte deste todo...
e deixo-me envolver por esta ilusão e, durante o tempo em que cá estou, 'eu não sou eu nem sou o outro'... eu e o espaço que me envolve somos um único corpo, um único ser.
um ser maior do que eu, uma luz que entra em mim para ficar...