desde o dia em que nascemos até ao dia em que morremos, tod@s nós somos pouco mais do que esponjas. absorvemos imagens, sons, palavras, conceitos, significados, pessoas, sentimentos, leis, regras, comportamentos, gostos, relacionamentos. e tudo o que absorvemos passa a fazer parte do que somos. mais. somos apenas o que conseguimos absorver. se, mal nascêssemos, conseguíssemos isolar-nos de tudo, não seríamos nada. ou o pouco que seríamos não chegaria para sermos considerados indivíduos. nunca aprenderíamos a comunicar - não haveria necessidade de comunicação nem ninguém com quem aprender essa habilidade -. não saberíamos nunca o que é entregar-nos a alguém...
mas este isolamento é verdadeiramente impossível e o que somos depende única e exclusivamente da quantidade de elementos externos aos quais fomos submetid@s enquanto seres vivos pensantes. como uma imensa e incrivelmente absorvente esponja, interiorizámos tudo aquilo que, por muito leve que tenha sido, passou por nós e deixou a sua marca.
e, quando o nosso por-do-sol chegar, sentir-nos-emos uma frondosa árvore, na qual todas as nossas memórias estarão penduradas como bolas que a enfeitam...